Por
Radioagência Nacional
A jornalista Sheila Jacob se prepara com dedicação para a
chegada da primeira filha, Violeta, no mês de junho. O aumento dos casos de
coronavírus não mudou os planos de realizar o parto em uma maternidade do SUS
na capital fluminense, mas a pandemia causa preocupação.
Grávida de 33 semanas do segundo filho, a nutricionista Aline de
Oliveira teve a consulta do pré-natal adiada por sua obstetra estar com
suspeita de coronavírus. O acompanhamento no momento do parto, que deve ser
realizado em um hospital privado, ainda está incerto. Emocionada, Aline relata
as dificuldades e as perdas, inclusive afetivas que a pandemia impõe.
A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e
Obstetrícia, Febrasgo, preparou um material com recomendações às gestantes. As
orientações esclarecem inclusive a ausência de pesquisas que indiquem quais
consequências que a infecção pelo novo coronavírus tem na gestação.
Segundo a Febrasgo, a gestante que não tiver sintomas de
Covid-19 pode manter sua opção quanto à escolha da instituição para o parto. Já
aquelas que apresentarem sintomas, devem discutir com seu médico o melhor local
para ter o bebê.
O material destaca que até o momento, as poucas evidências
disponíveis demonstram que o risco de contrair o Covid-19 não é maior nas
gestantes ou puérperas do que no restante da população.
Diante das incertezas, a procura de informações sobre a
possibilidade de realizar um parto domiciliar também tem crescido. A enfermeira
obstétrica Ariana Santos, da equipe Sankofa Atendimento Gestacional, relata que
o trabalho tem sido de muito esclarecimento às mulheres.
Segundo a enfermeira, para a realização do parto domiciliar são
observados protocolos rigorosos, como a ausência de condições de risco e a
existência de uma maternidade há até 20 minutos de distância, por exemplo. A
grávida precisa também estar com no máximo 32 semanas de gestação, de forma que
haja tempo hábil para avaliação das condições da gravidez e estabelecimento de
vínculo.
A
enfermeira obstétrica explica que houve aumento de procura, mas o número de
partos realizados em domicílio pela equipe continua no padrão, porque muitas
mulheres procuraram o atendimento já no final da gestação e foram apenas
esclarecidas e acolhidas.
Ariana
conta que a equipe passou a trabalhar com uma rotina diferenciada, que inclui
encontros online e recomendação expressa de quarentena para as gestantes. Ela
relata que o momento exigiu também adequações na principal característica do
parto domiciliar: a proximidade.
A Defensoria Pública do Estado do Rio enviou nesta semana uma
recomendação aos secretários de saúde dos 92 municípios do estado para que o
direito garantido por lei à gestante de ter um acompanhante antes, durante e
após o parto seja respeitado em todas as unidades de saúde mesmo durante a
pandemia.
O comunicado diz que o Plano de Contingência da Atenção Primária
à Saúde para o Coronavírus no Rio de Janeiro não exclui esse direito. Segundo a
Defensoria, a recomendação pode implicar em ato de improbidade administrativa,
se não for atendida, e resultar na adoção de medidas administrativas e
judiciais contra os responsáveis.
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