Homens fortemente armados, com escopetas e revólveres, renderam na manhã desta sexta-feira (20) uma equipe de reportagem da Folha em uma estrada rural de Pau Brasil, centro do conflito entre índios pataxó hã hã hãe e fazendeiros.
Por volta das 8h, o carro da reportagem foi parado por cerca de 12 homens. Sob a mira de armas, o repórter fotográfico Joel Silva, 46, e o motorista Igor Correia, 25, foram obrigados a sair do veículo e a se deitar na estrada de terra. Os dois foram revistados.
Um dos homens armados ordenou que os dois não olhassem para o grupo. O equipamento fotográfico foi retirado do carro e inspecionado.
Deitado, o repórter foi interrogado pelos homens armados sobre sua identidade e sobre a razão de estarem na zona de conflito.
Após cerca de sete minutos, os homens trancaram o equipamento no porta-malas do carro da reportagem e mandaram o repórter fotográfico e o motorista deixarem o local rapidamente, reiterando a ameaça de atirar caso olhassem e identificassem os agressores.
Poucos quilômetros depois, o carro foi novamente parado por outro grupo, este de sete homens. Pelo menos um deles carregava uma escopeta. O repórter e o motorista receberam uma nova ordem para deixar o local rapidamente.
A ação da milícia armada foi relatada à Polícia Federal.
Em reportagem publicada nesta quinta-feira (19), a Folha relatou a existência de homens armados na fazenda Santa Rita, pertencente ao ex-prefeito de Pau Brasil Durval Santana (DEM). Eles ocupavam uma parede fortificada, com pequenas janelas para encaixar os canos das armas.
Procurado, Santana negou a existência de segurança armada no local.
"Temos 4.000 cabeças de gado que estão tomadas pelos índios. Estamos perdendo 500 litros de leite por dia. Só queremos saber quem é que vai pagar esse prejuízo", disse o ex-prefeito.
A Santa Rita e outras fazendas localizadas próximas do rio Pardo estão na rota da invasão dos pataxós.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
faça comentários, críticas, elogios e/ou sugestões. Este site não publica ofensas