A
vacina oral contra a poliomielite, a famosa gotinha, poderia conferir proteção
temporária contra o novo coronavírus. É o que diz um estudo publicado
quinta-feira na revista científica Science. De acordo com pesquisadores do
Instituto de Virologia Humana da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos,
existem evidências de que vacinas já existentes, como a contra a poliomielite e
a BCG – contra a tuberculose –, fornecem proteção contra uma ampla variedade de
infecções, incluindo respiratórias.
famosa gotinha, poderia conferir proteção
temporária contra o novo coronavírus
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A
sugestão de estudo com a vacina contra a polio se deu porque “tanto o
poliovírus quanto o coronavírus são vírus de RNA de cadeia positiva; portanto,
é provável que possam induzir e ser afetados por mecanismos comuns de imunidade
inata”, escreveram os autores.
A
eficácia da vacina BCG contra o coronavírus já está em avaliação em estudos
realizados nos Estados Unidos, na Holanda e na Austrália. A ideia de testar a
proteção da BCG contra a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, surgiu
após pesquisas mostrarem que países que usam amplamente a vacina contra
tuberculose têm uma taxa menor de infecções por coronavírus do que aqueles que
não.
A
ideia não é que essas vacinas possam prevenir completamente a Covid-19, a
doença causada pelo novo coronavírus, mas que elas possam ao menos diminuir a
gravidade da doença e preparar o sistema imunológico inato para combater o
vírus por um curto período de tempo. Com mais de 7 milhões de infectados no
mundo e 425.593 mortes, isso já seria um grande avanço.
“Outras
vacinas virais atenuadas, como as contra o sarampo e a varíola, também foram
associadas a efeitos protetores inespecíficos pronunciados contra doenças
infecciosas. Na África, quando a vacina contra o sarampo foi introduzida, a
mortalidade geral em crianças diminuiu em mais de 50%, uma redução que foi
muito maior do que o previsto com base na proteção somente contra mortes por
sarampo”, escreveram os autores.
Tanto
a vacina oral contra a poliomielite quanto a BCG usam uma versão enfraquecida
do vírus ou da bactéria. Esse tipo de imunizante produz uma resposta imune
forte e duradoura, segundo especialistas em vacinas. Entretanto, as
desvantagens desse tipo de abordagem incluem a possibilidade de quem recebeu a
vacina desenvolver a doença e o processo lento de fabricação, em comparação com
estratégias modernas que usam apenas um pedaço de material genético do vírus,
como as que estão sendo testadas atualmente por empresas americanas e europeias
contra o novo coronavírus.
Em relação ao primeiro
problema, os autores do estudo da Science afirmam que “o risco de complicações
devido à VOP [vacina atenuada oral] é extremamente baixo”, cerca de uma em cada
três milhões de doses administradas e, principalmente, em crianças
imunocomprometidas. Sobre a produção, essas vacinas já são produzidas
normalmente e bilhões de doses são aplicadas anualmente no mundo todo.
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