A Polícia Civil da Bahia
suspeita que as empresas HempShare e Bioenergy usariam os R$ 48,7 milhões pagos
pelo Consórcio Nordeste na produção de respiradores não autorizados pela
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) - irregulares, portanto. As duas são investigadas por fraude
na entrega de 300 ventiladores comprados pelos nove estados da
região para uso no enfrentamento ao novo coronavírus.
respiradores não eram autorizados pela
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
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Ao cumprir mandados de busca
e apreensão na sede da Bioenergy em Araraquara (SP), a Polícia Civil de SP, que
auxiliou a Secretaria de Segurança da Bahia (SSP) na Operação Ragnarok,
deflagrada nesta segunda-feira, 1º, não encontrou nenhum respirador pronto, o
que reforça as suspeitas dos investigadores.
Contratada pelo
Consórcio para entregar os equipamentos, a HempShare acordou junto aos
compradores que eles seriam importados da China e fornecidos aos estados. No
entanto, os prazos de entrega estabelecidos vinham sendo descumpridos
reiteradamente. Sempre que procurada a dar explicações, a empresa alegava que o
atraso era culpa de problemas mecânicos nos respiradores da fornecedora
internacional.
A HempShare, então,
propôs que a Bioenergy realizasse a fabricação no Brasil a preços menores
e que, caso a substituição fosse aceita, cerca de 400 respiradores seriam
entregues, 100 a mais que o previsto no contrato. Mas a polícia suspeita
que, além de não ter os respiradores prontos, eles seriam produzidos fora das
especificações pedidas pelos estados e autorizadas pela Anvisa.
"A empresa nunca
teve os equipamentos. Tudo indica que já era uma fraude, já tinham em
mente isso. Nunca pretenderam entregar os equipamentos importados",
afirmou a delegada Fernanda Asfora, coordenadora do setor de Crimes
Econômicos e Contra a Administração Pública.
"Havia indícios de
que não se tratava de descumprimento contratual, mas de fraude. Diversas
justificativas vinham sendo usadas pela empresa pela não entrega do equipamento
e a não devolução do dinheiro, entre elas a de que estavam sendo
adquiridos respiradores nacionais. Isso não havia sido pactuado no
contrato", destacou ainda o titular da SSP, Maurício Barbosa, em
entrevista coletiva para apresentar os resultados da operação.
A Justiça chegou a
bloquear R$ 48,7 milhões em bens da HempShare no último sábado por ter deixado
de entregar os respiradores.
As duas empresas
investigadas ainda planejavam vender os ventiladores irregulares por todo o
país e negociavam fornecer os produtos aos hospitais de Campanha e de Base
do Exército, em Brasília, segundo a SSP.
Durante o cumprimento de
um mandado em Brasília, a polícia apreendeu um respirador, mas os
investigadores baianos acreditam que a peça era de mostruário, apenas para
apresentação a possíveis compradores. Há suspeita também de que uma das
empresas fosse usada para lavagem de dinheiro.
Segundo Barbosa, o
inquérito agora vai se concentrar na análise do que foi apreendido na operação
e do bloqueio de 150 contas bancárias autorizado pela Justiça.
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