A Covid-19
chegou ao Parque Indígena do Xingu, em Mato Grosso
Os dois primeiros casos
confirmados no território, que abriga 16 povos e cerca de 7 mil indígenas,
mobilizaram lideranças, autoridades e especialistas, que querem ampliar medidas
de apoio e prevenção. O medo do novo coronavírus já afeta a realização do
Kuarup, a grande cerimônia de despedida dos mortos realizada entre junho e
julho – são centenas de participantes de diversas etnias.
Cacique
Vanité Kalapalo e o filho, tiveram alta na terça e retornaram à aldeia, onde
vão permanecer em quarentena. — Foto: Aumari Yawalapití/Arquivo Pessoal
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Na
quarta-feira (10), os caciques e líderes do Alto Xingu informaram ao presidente
da Associação Terra Indígena do Xingu (Atix), Ianukulá Kaiabi Suiá, que três
povos (Kuikuro, Yawalapití e Kamaiurá) já decidiram pelo cancelamento do
ritual. O informe ainda apontou que outros grupos devem manter o Kuarup, mas
com restrições por conta da Covid-19 (leia mais abaixo). No sábado
(6), Ianukulá Kaiabi sugeriu o adiamento do ritual em todas as aldeias.
Os dois primeiros casos da
Covid-19 no Parque do Xingu foram confirmados no sábado (6). O cacique da
aldeia Sapezal, Vanité, e o filho Adolfo Yarurú testaram positivo para o novo
coronavírus, segundo nota emitida pelo Distrito Sanitário Especial Indígena
(Dsei-Xingu), em Canarana, a 838 km de Cuiabá. A aldeia Sapezal fica no extremo
leste do Parque Indígena e a preocupação aumentou porque, em aldeias próximas,
surgiram duas outras suspeitas, que estão sendo monitoradas.
De
acordo com o Distrito Sanitário, o cacique e o filho apresentavam um quadro de
falta de ar quando foram transferidos para o Hospital Municipal de Querência e
de lá para o Hospital Regional de Água Boa. Ambos tiveram alta na terça e
retornaram para a aldeia, mas uma criança, neta do cacique Vanité, segue
internada em estado grave com suspeita de ter contraído o novo coronavírus e
aguarda transferência para Cuiabá. Mutuá Kalapalo, liderança do povo, resumiu:
“Todos nós estamos assustados. Nossas famílias estão assustadas”.
O Ministério da Saúde, que divulgou na
terça ter contabilizado 82 mortes entre indígenas de todo o Brasil, diz que
acompanha o alastramento da doença com preocupação.
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