(Reuters) - O presidente
Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira que a renda emergencial aos chamados
vulneráveis durante a crise causada pelo coronavírus pode chegar a pagamentos
mensais de 600 reais por três meses, e reforçou que o desemprego provocado pelo
pânico será muito pior do que os efeitos diretos da própria doença.
O valor
citado por Bolsonaro é superior aos 500 reais previstos inicialmente em projeto
de lei em votação na Câmara dos Deputados. Antes disso, o valor proposto pelo
governo era de 200 reais.
"Está em
500, talvez passe para 600", disse Bolsonaro em entrevista coletiva no
Palácio da Alvorada, acrescentando que negociou o aumento proposto com o
ministro da Economia, Paulo Guedes.
De acordo com
o projeto em tramitação no Congresso, terão direito ao auxílio trabalhadores
informais e microempreendedores individuais, e aqueles com renda familiar
mensal per capita de até meio salário mínimo, ou renda familiar mensal total
até três salários mínimos, entre outros.
O presidente
disse que é necessário evitar o desemprego como forma de evitar um aumento na
taxa de violência. "Podemos ter saques, podemos virar uma terra de
ninguém. Temos de evitar isso a qualquer custo", destacou.
Bolsonaro
afirmou também que o governo vai editar medida provisória para ajudar pequenas
e médias empresas, com pagamento de parte dos salários dos empregados, cobrando
em contrapartida a manutenção dos empregos.
Segundo ele,
uma nova versão da MP que altera contratos de trabalho durante a pandemia do
novo coronavírus está pronta. O presidente admitiu que foi um "erro"
a medida provisória editada no início da semana que suspendia por 4 meses a
vigência de contratos sem pagamento de salários.
Essa MP foi
alvo de fortes críticas públicas da oposição e de aliados, e logo em seguida o
presidente revogou seu artigo mais polêmico. Na entrevista, ele admitiu que
houve uma "falha".
"Como
estava ali, pelo amor de Deus, sem salário, sem comentário", disse.
"Aquilo não existia", completou, ao atribuir o erro a um
"digitador".
Novamente,
Bolsonaro afirmou que alguns prefeitos e governadores erraram na dose ao
decretar medidas restritivas de isolamento social por conta da pandemia, e que
o "povo foi enganado", uma vez que algumas medidas já estão sendo
revistas.
"Povo
tem que trabalhar, quer trabalhar", disse. "O turismo passou para
zero, ninguém faz mais turismo. Rede hoteleira passou para zero ou está com
10%. Nada está funcionando. Esta onda é muito maior do que este vírus, essa
pânico, essa histeria."
Em um tom
mais bem-humorado com jornalistas que nos últimos dias, o presidente brincou
com a suposta imunidade alta que os brasileiros teriam. Para ele, o brasileiro
tem que ser estudado porque "não pega nada". Disse ainda achar que
muita gente já foi infectada no Brasil e já tem anticorpos.
(Reportagem
de Ricardo Brito e Pedro Fonseca)
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